O novo filme de Robert Pattinson tem uma mudança inesperada no roteiro. Essa mudança é exploradora ou historicamente importante?
Pelos comerciais na TV, Remember Me paraece mais uma comédia-dramática-romântica universitária. (Alerda de spoiler: pontos surpresa do roteiro discutidos mais a frente!) No filme, Robert Pattinson lança olhares conquistadores a sua namorada da faculdade (Emilie de Ravin). Os posteres mostram o casal num abraço apaixonado com a seguinte tagline: "Viva nos momentos".
O que os comerciais não lhe dizem: o filme se passa no verão de 2001 e o 11 de Setembro predomina nas cenas finais. O final é tão controverso, vários blogs - do New York Magazine ao Gawker e até mesmo o Perez Hilton - contaram cada detalhe. Essa não é uma história para os fracos de coração. Uma estudante do Ensino Médio que assistiu o filme na mesma sessão que eu saiu do cinema chorando. Adultos tinham lágrimas em seus olhos. O filme foi feito para ser um dos maiores causadores de lágrimas de Hollywood desde Titanic.
A grande questão: Remember Me merece as lágrimas que causa ou explora o 11 de Setembro para conseguir choro fácil? Se você ainda não leu nada sobre o filme na Internet, você provavelmente irá ao cinema (com uma ou duas adolescentes ao seu lado) esperando um doce romance. E você terá isso na maior parte do filme. Há o indispensável diálogo água-com-açúcar no primeiro encontro em um restaurante indiano, além da cena onde de Ravin fica tão bêbada numa festa da faculdade que Pattinson precisa ajudá-la enquanto ela vomita. Nada disso lhe prepara para o que acaba acontecendo, embora um ato violento na primeira cena sirva como um aviso assustador. Quando as Torres Gêmeas são atingidas - nós nunca vemos um avião atingindo a torre, apenas os escombros - é um choque enorme que deixará você triste e impressionado por dias.
Mas, se você parar para pensar, não foi exatamente assim que todos nos sentimos após o 11 de Setembro? O ataque foi completamente inesperado, exatamente como o final desse filme. Outros filmes sobre o 11 de Setembro ("As Torres Gêmeas" e "Vôo United 93") revelaram seus conteúdos desde o começo, em todos os comerciais da TV e trailers cinematográficos. Remember Me é voltado para um público diferente: adolescentes, muitas das quais eram muito novas em 2001. Para elas, o 11 de Setembro é, provavelmente, uma lembrança distante ou talvez simplesmente uma lição do livro de História, especialmente para quem não viviam em Nova York ou Washington. Partindo desse pressuposto, esse filme descreve de forma primorosa o horror, o perigo, o sofrimento, a raiva, a falta de sentido e a brutalidade daquele dia. Ele, na verdade, honra a História, mesmo que de um modo estranho e deslocado.
Até agora, a maioria dos trabalhos feitos sobre o 11 de Setembro foi feito para adultos. Muitos desses trabalhos tentaram nos explicar o que aconteceu conosco por causa dos atentados. Um tema recorrente - desde "Extremely Loud and Incredibly Close", de Jonathan Safran Foer, a "The Falling Man", de Don DeLillo - é o difícil processo de recuperação. Se há alguma literaltura equivalente a Remember Me, é o romance da autora americana Claire Messud publicado em 2006, "The Emperor's Children", uma outra história sobre como jovens mimados de 20 e poucos anos foram afetados pelo atentado inesperado do 11 de Setembro, que encerra o romance. Mas, nesse caso, a introdução ao 11 de Setembro ficou fora de rumo, como uma alternativa à resolução mais do que como um final conclusivo. Simplesmente não pareceu real.
Esse não é o caso de Remember Me, que nos deixa todos de luto novamente. Ele nos mostra que não importa o quão horrível tenha sido aquele dia, ele não deve jamais ser apagado. Como consequência imediata, ele foi arrancado do horizonte de "O Homem Aranha" e da conversa da lanchonete em "Friends". Agora, nós temos o maior astro do mundo adolescente construindo um memorial dedicado ao 11 de Setembro. Quando é ensinado nas salas de aula, o 11 de Setembro é mostrado como uma atrocidade histórica. A palavra-chave: histórica. Para aqueles que não eram velhos o bastante para ler o The New York Times nos dias que sucederam o atentado (como o roteirista, que achou sua inspiração nos mini-obituários das vítimas daquele dia que foram publicados no jornal), os rostos dos homens e mulheres que morreram são simples relíquias do passado. Remember Me mostra a uma nova geração o que aconteceu nos Estados Unidos há quase - dá pra acreditar? - uma década. O título do filme não é um pedido. É uma ordem.
[ Newsweek ]